HOMENAGEM: MESTRES RECEBEM A MEDALHA BAYARD DEMARIA BOITEUX

“Há homens que lutam um dia e são bons, há outros que lutam um ano e são melhores, há os que lutam muitos anos e são muito bons. Mas há os que lutam toda a vida e estes são imprescindíveis” (Bertold Brecht)

Uma noite memorável marcou o Mês dos Professores no Espaço Cultural Paulo Freire do Sinpro-Rio, com homenagens a quatro mestres cuja trajetória dignifica a nossa profissão, tornando-os imprescindíveis.

Na cerimônia, apresentada pela diretora do Sinpro-Rio, Ana Lúcia Gumarães, foi entregue a Medalha Bayard Demaria Boiteux aos mestres Cesar Lotufo, Cezar Castro, Lúcia Velloso e Orlando Guilhon. Após o evento foi servido um coquetel e, em seguida, teve a apresentação da banda Uns Caras, com show na Praça do\a Professor\a com música pop, rock e blues.

Na abertura, o presidente em exercício, Marcelo Pereira, ressaltou que a homenagem se revestia numa cerimônia histórica que culminava com um conjunto de atividades do Mês dos Mestres. “O Sinpro-Rio é um local de protagonismo no qual é dado voz ao trabalhador. Prestes a completar 100 anos de luta e resistência, o Sinpro-Rio se pautou pela atuação contra a ditadura e pelo processo de redemocratização do país, se destacando na greve da Educação Superior, na qual conquistamos a considerada melhor Cponvenção Coletiva de Trabalho do Brasil”. Marcelo Pereira lembrou ainda de um feito recente da categoria de professores e professoras do Sinpro-Rio, a greve pela vida durante a pandemia em 2020.

Ressaltou ainda que o Sindicato está trabalhando o Projeto Memória, no qual está sendo organizada a nossa história que já passa de nove décadas. “Nosso compromisso é “jogar” nossa categoria para cima, seguindo fortes, firmes, na luta”, finalizou Marcelo Pereira.

Em seguida foi apresentado um breve vídeo sobre a história do Sinpro-Rio e, logo após, a professor\diretora Ana Lúcia Guimarães deu início à entrega da láurea, ressaltando que, ao nomear a Medalha de Bayard Demaria Boiteux, o Sinpro-Rio tem ciência de que a mesma inspira todos os professores e professoras, na luta por uma educação de qualidade.

Recebendo a honraria das mãos do diretor João Jorge Armênio, o professor Cezar Castro afirmou: “não acredito no trabalho individual, nossa profissão é de trabalho coletivo. Dedico esta medalha a todos nós, coletivamente”.

Já o professor César Lotufo, ao receber sua medalha das mãos do diretor Antonio Rodrigues, muito emocionado, afirmou que aquele momento foi de um prazer inenarrável. Lotufo destacou com um dos momentos mais marcantes de sua vida foi o da Greve de 1987, com grande ato na concha acústica UERJ. “Graças à Educação, melhorei como pessoa”.

A professora Lúcia Velloso, que recebeu da medalha das mãos da professora Leila Azevedo, fez um breve relato da luta contra ditadura militar e pela redemocratização quando esteve como diretora o Sinpro-Rio, de 1978 a 1983, pontuando que conseguiram tirar antigos “pelegos” da diretoria, vencendo as eleições. Ela, que passou a dar aula depois de sair da prisão política na década de 70.

O professor Orlando Guilhon, que recebeu a medalha das mãos do diretor Márcio Franco Xavier, disse ter tomado um susto ao saber da homenagem: “Como a tradição é homenagear aqueles que já tombaram, me cientifiquei de que estava vivo”, brincou Guilhon.  O mestre também recordou os momentos de luta contra a ditadura, expulsão por perseguição em colégio católico, e ressaltou: “Combatemos o bom combate e continuamos na mesma trincheira, procurando resgatar a memória de nossa luta; quem não resgata a sua memória, não tem história”.

Veja abaixo informações sobre aquele que leva o nome da Medalha, honraria aos mestres de 2024, e breve histórico de cada um dos homenageados:

QUEM FOI BAYARD DEMARIA BOITEUX

Bayard Demaria Boiteux era formado em Matemática e Doutor em Ciências Econômicas. Foi professor do Colégio Pedro II, Colégio Naval, PUC, UNIRIO e UERJ, tendo obtido primeiro lugar em todos esses concursos. Sucedendo Edmundo Muniz, foi presidente do Sindicato dos Professores do Município do Rio de Janeiro. Foi um dos fundadores do PSB nos anos de 1940. Na década de 1960, aproximou-se politicamente do governador Leonel de Moura Brizola, apoiando a Campanha da Legalidade. Em 1967, junto com Neiva Moreira e Amadeu Rocha liderou a Guerrilha do Caparaó, sendo preso, torturado e colocado no exílio. No exílio lecionou por cinco anos na Universidade de Argel, na Argélia, e quatro anos na Faculdade de Economia e no Instituto de Serviços Sociais no Porto, em Portugal.

Na volta ao Brasil, foi um dos fundadores do PDT, destacando-se na elaboração do primeiro plano de carreira do magistério durante o primeiro governo de Leonel Brizola. No segundo governo Brizola, presidiu o PDT do Rio de Janeiro e exerceu a Presidência do Conselho Estadual de Educação, da Casa França-Brasil e foi curador da UERJ. Foi, ainda, Presidente das Relações Internacionais do PDT, onde estabeleceu relações institucionais com grupos revolucionários e socialistas de inúmeros países.

Cezar Castro:

Ele foi Professor / Coordenador da Faculdade Candido Mendes em 1972; Professor Colégio São Vicente de Paulo, em 1978; e Professor / Diretor do Centro Educacional Anísio Teixeira 1983.

Membro da Diretoria do SINPRO-RIO.  Militante contra a ditadura civil-militar de 1964 – 1988.

Lúcia Velloso:

Ela é professora aposentada do Estado do Rio de Janeiro e da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ).

Graduada em Letras, possui Mestrado em Educação pela FGV/IESAE (1991), Doutorado em Educação pela UFRJ (2001) e Pós-Doutorado em Educação pela Universidade Complutense de Madri e Universidade Estadual do Ceará (2011)

Participou da implantação dos CIEPs no Estado do Rio de Janeiro, atuando como diretora de uma Escola de Demonstração (1984-1985) e como diretora de Capacitação do Magistério dos CIEPs na segunda fase de implantação (1992-1994).

Desde 2018, é Diretora administrativo-financeira da Fundação Darcy Ribeiro. Também publicou diversos artigos e capítulos de livros sobre educação integral e sobre Darcy Ribeiro, além de organizar livros sobre esses temas.

Ela também teve uma participação ativa no Sinpro-Rio de 1977 a 1983, e foi secretária geral na chapa concorrente à diretoria do sindicato na eleição de 1981.

Cesar Lotufo:

Ele é um renomado arqueólogo e mestre em Geociências pela UFRJ, com uma carreira acadêmica de 32 anos como professor universitário na Estácio e na Universidade de Taubaté (UNITAU).

Lecionou diversas disciplinas nas áreas de Arqueologia, Geologia, Geomorfologia, Paleontologia, Antropologia, Ciências Sociais, Filosofia da Educação, Sociologia da Educação, Planejamento Energético, Geopolítica, Patrimônio Histórico e Cultural, e Gestão Ambiental.

Durante 10 anos, foi Coordenador Acadêmico do Curso de Graduação Tecnológica em Gestão Ambiental na Estácio.

Possui uma vasta produção científica, com artigos publicados no Brasil, Portugal e Uruguai, além de livros e capítulos sobre temas variados, incluindo Arqueologia, Gestão Ambiental e Histórias em Quadrinhos.

Atualmente, dedica-se ao projeto “Educação COM Ciência e Quadrinhos” em parceria com o NuPeQ da UEMS, onde realiza palestras e cursos sobre Gestão Socioambiental e Justiça Social, utilizando a linguagem dos quadrinhos.

Também é apresentador do canal acadêmico NuPeQ TV no YouTube, com seguidores em diversos países.

Orlando Guilhon:

Tem 71 anos de idade, dos quais cerca de 30 dedicados ao magistério. Estudou Administração de Empresas no ICAI-ICADE, em Madri (1970/71), Economia na UFRJ (1972/1976), e se formou em Geografia Licenciatura na UERJ (1986).

Lecionou Geografia em inúmeros cursos livres (antigo ‘Madureza’ e pré-Vestibulares), desde 1972. Posteriormente, lecionou em várias escolas da rede privada de ensino, como Colégio S. Vicente de Paulo, Colégio Israelita Liessin, Colégio Brasil América e Colégio Andrews. Foi ativista de base do Sinpro-Rio, nas décadas de 70 e 80.

Participou do Comando de Greve da categoria na histórica greve de 1979, na 3ª. Zonal. Nos últimos 6 anos de exercício do magistério (1998 a 2003) migrou para a rede pública de ensino, estadual e municipal.

Militou na organização clandestina de esquerda APML – Ação Popular Marxista Leninista, (1973-1982), oriunda da esquerda católica, uma das organizações que ajudou a combater a ditadura civil-militar de 1964-1985. Neste período trabalhou com Educação Popular em várias favelas do Rio de Janeiro, como Jacarezinho, Parque União e Vigário Geral, sempre usando o método Paulo Freire.

Participa ativamente do FNDC – Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação, desde 1991. É membro do Coletivo Fernando Santa Cruz, formado por ex-militantes da APML. É membro do Conselho Diretor da Coalizão Brasil por Memória, Verdade, Justiça, Reparação e Democracia. Atualmente vive em São Pedro da Serra, distrito rural de Friburgo, onde ajuda a coordenar o Comitê Popular de Luta local.

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Este post foi publicado em 22/10/2024 às 13:25 dentro da(s) categoria(s): Notícias, Primeira página.
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